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27/04/2016

Ainda o Encontro Luso-Galaico de Escritores...


15:00
18-04-16


Eis-me novamente no meu espaço favorito, a biblioteca escolar. Quis o acaso (ou talvez não) que diante de mim estivessem os quatro volumes da saga Dragal, a Herdanza do Dragón, da autoria de Elena Gallego Abad, e Pé-de- Perfume, livro de contos, de Olinda Beja. De imediato, lembrei-me das autoras que estiveram no anfiteatro da nossa escola, no passado dia quinze, sexta feira, a propósito do Encontro Luso-Galaico de Escritores.
Elena Gallego foi recebida pelos alunos do secundário, de espanhol, e foi surpreendida, como ela própria o confessou, pela história do “Liceu” de Chaves, tão bem desvendada pela voz de três alunas. Como o “Liceu” guarda ainda as suas lendas e alguns espíritos vagueiam pelo silêncio noturno, Elena Gallego sentiu-se no sítio ideal para interagir com os alunos. Enfeitiçada pelos dragões que percorrem a história da Galiza, explicou que foram estes que lhe deram o alento para escrever o que milenarmente escondem quando olham para quem os fita.
Seguiu-se, num segundo momento do encontro, a escritora sãotomense, Olinda Beja. Diante dos alunos do 9º ano, Olinda Beja apresentou-se como contadora de estórias e, pelas suas palavras iniciais, percebemos todos o quanto ama essas estórias e os versos que escreve e o quanto tem paixão pela arte de bem dizer e contar.
Exercitando magistralmente essa sua arte, Olinda Beja mostrou que o ato de ler não é um momento monocórdico e enfastiador, como muita gente o julga, pelo contrário, revelou que é um momento de sedução, de convite permanente, onde a simplicidade, a leveza e a elegância resultam de um saber construído, exigindo do “escutador” a atenção que lhe é devida.
Na sua leitura comunicam as palavras pronunciadas com firmeza e segurança, os braços que as meneiam, a voz que, em crioulo, nos devolve a identidade de tantas palavras que julgávamos só nossas e não fazendo parte dessa lusofonia que nos une e que Olinda Beja tanto faz questão de salientar. É o corpo das palavras que dança tão harmoniosamente que nos agarra e nos devolve ao silêncio. Foi um verdadeiro ato pedagógico da arte de bem ler e contar, aliás, na conversa que manteve com os alunos, Olinda Beja explicou que demorou cinco anos a escrever um dos seus livros, aparentemente pequeno, simplesmente porque lia em voz alta o que ia escrevendo e só o finalizou quando encontrou a melodia certa das palavras.
Sim, a verdade é que ao lermos em voz alta o que escrevemos, damos conta de que nem todas as palavras conseguem transmitir verdadeiramente a poesia do que queremos dar ao leitor.
É este o prazer de quem gosta de escrever!
Leonor Rei

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